quinta-feira, janeiro 25, 2007

Caeiro


XIII - Leve


Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo.



Não me importo com as rimas
(7-3-1914)

XIV
Não me importo com as rimas.
Raras vezesHá duas árvores iguais,
uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.


Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...


Em: Fernando Pessoa - Poesia completa de Alberto Caeiro


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