quinta-feira, dezembro 21, 2006

sarará

WHAT THE BLEEP DO WE KNOW?


"O homem é parte de um Todo chamado por ele mesmo de
Universo: uma pequena parte, limitada no tempo e espaço.
Ele se vê como algo separado do resto.
Ilusão que o limita a desejos pessoais, condicionando sua
afetividade a algumas e poucas pessoas de sua tribo.
Libertar-se desta prisão deveria ser o objetivo, aumentando
o círculo de compaixão para amar todas as criaturas vivas e
a natureza, em toda a sua beleza e magnitude".

Albert Einstein

terça-feira, dezembro 19, 2006



Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,

a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,

com outro número e outra vontade de acreditar,

que daqui para diante vai ser diferente"

Carlos Drummond de Andrade

Quero ver você não chorar...

Tocando em frente



Ando devagar porque já tive pressa
e levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou nada sei..

Conhecer as manhas e as manhãso sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrirÉ preciso a chuva para florir...

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega, no outro vai embora
cada um de nós compõe a sua história
cada ser em si carrega o dom de ser capaz
e ser feliz...

Conhecer as manhas e as manhãs
o sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa
e levo esse sorriso porque já chorei demais
cada um de nós compõe a sua história
cada ser em si carrega o dom de ser capaz
e ser feliz...


composição Almir Sater e Renato Teixeira

Conto de Natal


A MENINA DOS FÓSFOROS
Hans Christian Andersen





Era a véspera do ano-novo. Aquela pobre menina que andava pelas ruas, a tiritar, nem sequer tinha sapatos! Alguém lhe dera um par de chinelos, mas um deles perdera-se no escuro, e o outro, ao saltar-lhe do pé, apanhara-o logo um menino, que o guardou para fazer dele um barco.Desde manhãzinha que a menina andava vendendo fósforos pelas ruas. Fazia tanto frio que ninguém parava para comprar fosse o que fosse.Pobre menina! Se ela regressasse à água-furtada onde morava, sem ter vendido nenhum fósforo, o pai brigaria com ela. Talvez mesmo lhe desse uma surra, pois era um homem muito severo.
As pessoas apressavam-se nas ruas a caminho de casa, onde as esperava um bom braseiro. A pobre menina é que não tinha onde se aquecer. Os flocos de neve caíam-lhe sobre os anéis do cabelo e entravam-lhe pelos olhos.O vento era cada vez mais gelado. Recolhendo-se a um portal, a menina riscou um fósforo para se reconfortar um pouco ao calor da pequenina chama. Tch!... Na noite ergueu-se uma chama clara, tão clara como se fosse uma grande luz. Que coisa estranha! Pareceu à menina que se encontrava sentada junto de um belo braseiro ornado de bolas de cobre. Como era bom aquecer-se um pouco! Estendeu as mãozinhas roxas de frio e ia estender também os pés quando a chama se apagou. O braseiro desaparecera: de novo nada mais havia do que a neve glacial e o vento sibilante.A menina acendeu resolutamente um segundo fósforo. Tch!... Num instante, a parede da frente ficou iluminada e tornou-se transparente como uma gaze. E que lindo era o que se via através dela! Era uma sala, no centro da qual havia finas porcelanas e, numa travessa, um pato recheado. Meu Deus, como cheirava bem esse pato guarnecido de castanhas e maçãs! E eis que de repente ele salta da travessa com a faca e o garfo espetados nas costas, como que dizendo: “Vamos, come-me!”.Bruscamente, tudo desapareceu. O fósforo ardera por completo. Com os dedinhos entorpecidos, a menina acendeu muito depressa outro fósforo. Oh! Que magnífica árvore-de-natal surgiu então diante dos seus olhos! Essa árvore era mil vezes mais bela do que aquela que tinha visto havia pouco através da porta envidraçada de uma loja. Centenas de velas cintilavam nos seus ramos, e, em redor, figuras de cores vivas animavam-se e sorriam.De súbito, as luzes da árvore-de-natal pareceram elevar-se, e a menina seguiu-as com os olhos, deslumbrada, porque se confundiam com as estrelas no céu. Sim, haviam se transformado em estrelas. Uma delas caiu, traçando um longo risco luminoso. A menina lembrou-se então de que a avó lhe contara outrora que, quando se vê uma estrela cair, deve-se pensar que uma alma voa para o céu. Mas a avozinha, que contava tão lindas histórias e que era tão terna para com sua netinha, morrera havia muito tempo. E agora a mãozinha da menina, arroxeada de frio, apenas segurava a ponta de outro fósforo apagado.Pobre menina! Resignou-se a acender outro fósforo ainda. E então viu algo maravilhoso! Viu a sua própria avó com um ar tão meigo e tão radioso que não pôde conter um grito:— Oh, avó, leva-me contigo, antes que se apague o fósforo! Não te vás embora, não desapareças como o braseiro de cobre, como o pato recheado, como a bela árvore-de-natal!Começou a acender todos os fósforos que restavam da caixa. E os fósforos espalhavam uma luz tão clara que parecia dia, um luminoso dia de verão. E a avó parecia cada vez mais radiosa no meio daquela grande luz. E então — ó maravilha! — pegou a sua netinha pelo braço e voou com ela ao Paraíso, lá onde não há fome, nem frio, nem sofrimento, pois é a casa de Deus.No dia seguinte, dia de ano-novo, as pessoas encontraram estendida na rua uma menina com uma caixa de fósforos completamente queimados.
Mas ninguém suspeitou que a alma daquela menina, na véspera, à noite, tivera deslumbrantes visões e entrara feliz no ano-novo, com sua querida avozinha.