quarta-feira, dezembro 19, 2007

Receita de Ano Novo


Para você ganhar um belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo,espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar que
por decreto de esperança a partir de janeiro
as coisas mudem e seja tudo claridade,recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados,começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro,tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo,eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade

O tamanho das pessoas


Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento...
Uma pessoa é enorme para você, quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado.
É pequena para você quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas:
A Amizade,
O Carinho,
O Respeito,
O Zelo,
E até mesmo o Amor.
Uma pessoa é gigante para você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto com você. E pequena quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.
Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.
Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande.
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.
Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma.O egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoagrande...
...é a sua sensibilidade, sem tamanho...
William Shakespeare
"Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não da minha altura"
Fernando Pessoa

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Hieróglifos

Este é o meu nome em hieróglifos egípcios.
Veja como fica o seu aqui.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Explicação necessária


Se a Bulgária existe, então a cidade de Sófia terá que fatalmente existir. Este é o único ponto no qual parecem assentir os que negam e os que defendem intransigentemente a existência daquele amorável país, desde os tempos antediluvianos até os dias pré-diluvianos de hoje.
Neste livro não se pretende firmar nenhuma verdade definitiva sobre essa imortal controvérsia, em que pese ao número crescente de pseudoviajantes e outros aventureiros que, munidos de documentos irrefutáveis, provam ou tentam provar a cada passo o seu respeitável ponto de vista – escudados muitas vezes no prestígio de assembléias ou conferências as mais internacionais. O autor pessoalmente , e é o que se verá, já teve oportunidade de conhecer e mesmo de entabular conversação com mais de um relutante búlgaro, e até mesmo com uma búlgara, todos de uma reputação acima de ilibada e merecedores da maior estima e simpatia: mas como também já viu de perto alguns fantasmas e até o próprio Diabo, reserva-se o direito de só opinar definitivamente sobre o assunto depois que outros mais abalizados ou afortunados o tenham feito, à luz das novas ciências ou das que porventura ainda estejam por surgir.
Aqui o que se procura é apenas relatar, com o máximo de fidelidade, a experiência pessoal que – quase a contragosto e com o espírito sempre o mais elevado – teve o autor a oportunidade de empreender em torno dessa mirífica e cada vez mais nebulosa disputa geográfica: ou, para dizer com mais exatidão, em torno desse espanto geonomástico, como tão bem o definiu um famoso historiador búlgaro. Se bem ou malsucedida essa experiência, face aos poucos prováveis resultados que dela possam advir para o progresso da astrofísica ou da astrologia, este já é um assunto que por sua natureza escapa aos limites da presente obra, embora sejam eles tão evanescentes e imaginários quanto os do próprio reino da Bulgária.
Entende o autor, apenas que muito mais importante do que ir à Lua é ir ou pelo menos tentar ir à Bulgária – ou, quando menos descobri-la.
Da obra-prima:
"O púcaro búlgaro", foi extraído de "Campos de Carvalho — Obra reunida", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1995, pág. 309

segunda-feira, novembro 19, 2007

terça-feira, novembro 06, 2007

Gutemberg


Página dupla da 'Bíblia de 42 linhas':

Da Bíblia de 42 linhas de Gutenberg - a primeira obra impressa em série, há cerca de 500 anos -, existem apenas apenas 48 exemplares espalhados pelo mundo. Gutenberg levou vários meses (até um ano e meio, acredita-se) para concluir sua impressão da obra de 1300 páginas. A Bíblia foi impressa em Mainz, na atual Alemanha, por volta do ano 1450. Os exemplares eram vendidos sem encadernação ou ilustrações, o que era feito posteriormente, de acordo com os gostos de seus donos. Assim, cada cópia apresenta características únicas, como anotações, marcas de parágrafos e iluminuras. A figura pertence à Bíblia do espólio da Universidade do Texas. Conserva nas margens as marcas deixadas ao longo dos tempos por monges e escribas, algumas delas com indicação de trechos que deveriam ser lidos em voz alta.

aqui pode ser vista uma versão digitalizada da Bíblia
http://www.hrc.utexas.edu/exhibitions/permanent/gutenberg/

Antes de inventar os tipos móveis tinha sido joalheiro, conhecedor da arte da construção de moldes e da fundição de ouro e prata; por isso conseguiu fazer excelentes tipos, valiosos inclusive artisticamente como trabalho de ourives.Em 1434, Gutenberg se mudou para Estrasburgo onde permaneceu vários anos. Depois de regressar a Mogúncia, Gutenberg se associou com um comerciante que lhe financiou para realizar a impressão da Bíblia.Não se conhece muito sobre os ultimos anos da vida de Gutenberg. Sabe-se que morreu em 3 de fevereiro de 1468.Gutenberg é considerado o inventor dos tipos móveis de chumbo fundido, mais duradouros e resistentes do que os fabricados em madeira, e portanto reutilizavéis que conferiram uma enorme versatilidade ao processo de elaboração de livros e outros trabalhos impressos e permitiram a sua massificação.A imprensa é outra das contribuições de Gutenberg; com anterioridade se tinham empregado, também desde a época de Suméria, discos ou cilindros sobre os quais se tinha lavrado o negativo do texto a imprimir que geralmente era só a rubrica do dono do cilindro e outorgava certeza de autenticidade às tabletas que a levavam. As imprensas na Idade Média eram simples tabelas gordas e pesadas ou blocos de pedra que se apoiavam sobre a matriz de impressão já entintada para transferir sua imagem ao pergaminho ou papel. A imprensa de Gutenberg é uma adaptação daquelas usadas para espremer o suco das uvas na fabricação do vinho, com as quais Gutenberg estava familiarizado, pois Mogúncia, onde nasceu e viveu, está no vale do Reno, uma região vinícola desde a época dos romanos.Depois da invenção dos tipos e a adaptação da prensa vinícola, Gutenberg seguiu experimentando com a imprensa até conseguir um aparelho funcional. Também pesquisou sobre o papel e as tintas. Uns e outras tinham que se comportar de tal modo que as tintas se absorvessem pelo papel sem escorrer-se, assegurando a precisão dos traços; precisava-se que o secagem fosse rápida e a impressão permanente. Por isso, Gutenberg experimentou com pigmentos a base de azeite, que não só usou para imprimir com as matrizes, senão também para as capitulares e ilustrações que se realizavam manualmente- e com o papel de trapo de origem chinesa introduzido na Europa em sua época.O primeiro livro impresso por Gutemberg foi a Bíblia, processo que iniciou o 23 de fevereiro de 1455 e concluiu uns cinco anos depois.Para comprovar a magnificência deste inventor alemão do século XV, realiza-se anualmente, nos EUA, o "Festival Gutenberg" - uma espécie de Feira de demonstrações e inovações nas áreas do desenho gráfico, da impressão digital, da publicação e da conversão de texto - que só comprova que a invenção do mestre Gutenberg consegue, ainda hoje, cultivar seguidores que, da sua experiência-base, tentam superar o invento e adaptar as tecnologias modernas às exigentes necessidades do mundo actual.
Bíblia de Gutenberg

A Bíblia de Gutenberg é o incunábulo impresso da tradução em Latin da Bíblia, por Johann Gutenberg, em Mainz, Alemanha. A produção da Bíblia começou em 23 de fevereiro, 1455, usando uma prensa de tipos móveis. Essa Bíblia é o incunábulo mais importante pois marca o início da produção em massa de livros no Ocidente.Uma cópia completa desta Bíblia possui 1282 páginas com texto em duas colunas; a maioria era encadernada em dois volumes.Acredita-se que 180 cópias foram produzidas 45 em pergaminho e 135 em papel. Elas foram impressas, rubricadas e iluminadas à mão em um período de três anos.

quinta-feira, novembro 01, 2007

"Eu ainda estou aprendendo"


Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni, pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano, um dos maiores nomes do Renascimento Caprese, 6 de março de 1475 — Roma, 18 de fevereiro de 1564

Em 1 de Novembro de 1512 - O teto daCapela Sistina, pintado por Michelangelo, é exibido ao público pela primeira vez.

A Arte da Poesia


"Os homens só podem compreender um livro profundo, depois de terem vivido pelo menos, uma parte daquilo que ele contém".


Ezra Pound

Ezra Weston Loomis Pound (30 de outubro de 1885, Hailey, Idaho, EUA – 1 de novembro de 1972, Veneza) foi um poeta, músico e crítico que, junto com T. S. Eliot, foi uma das maiores figuras do movimento modernista da poesia do início do século XX. Ele foi o motor de diversos movimentos modernistas, notadamente do Imagismo e do Vorticismo.

quarta-feira, outubro 31, 2007

segunda-feira, outubro 29, 2007

Dia Nacional do Livro




O futuro do livro na era digital











Muitas perguntas rodam no ar ainda sem resposta: o que muda na produção e na comercialização do livro com o avanço dos meios eletrônicos?

A Internet estreita ou alarga o futuro das livrarias? O texto depende ou não do formato que envolve? Veja a seguir qual o futuro do livro na era digital.As discussões sobre o futuro do livro de papel começaram no País há mais de seis anos, logo quando a Internet chegou por aqui. Nesta época, nos Estados Unidos, já se falava no Projeto Gutemberg (1971), uma iniciativa de colocar online, e gratuitamente, títulos de domínio público. Desde então, os famosos ebooks, livros eletrônicos ou livros digitais são acusados de serem os "assassinos" do livro de papel. E não seria para menos.

No site Virtual Books, por exemplo, encontram-se desde clássicos como Romeu e Julieta, tradicionais obras como a Bíblia até teses de mestrado. Até o primeiro capítulo do novo livro de Paulo Coelho, o O Demônio e a Srta. Prym já está disponível gratuitamente.O Virtual Books, como outras livrarias online, oferece várias formas de leitura. O usuário pode ler a obra através de páginas na web (enquanto está conectado à rede) ou ainda pode "baixar" em seu computador um arquivo com o livro completo e, depois, imprimir e ler offline.

Virtual Books: livros grátis para todos os gostos

Há ainda a possibilidade de fazer download do arquivo direto para um Rocket e-Book, um aparelho de leitura lançado há dois anos durante a Feira de Frankfurt. A maquineta não assusta as vovós: possui poucos e óbvios botões, como o de avançar ou de voltar página, e o recurso de fazer anotações, marcar trechos e pesquisar palavras. Além de apresentar fontes que podem ser ampliadas. O Rocket e-Book é leve (pesa 600 gramas e tem formato de livro de bolso) e pode armazenar até 4 mil páginas de textos e imagens em um formato parecido com o dos livros convencionais de 250 páginas. Isso possibilita a existência vários livros no mesmo aparelho. Vale lembrar seu preço: quase US$ 300. Se está curioso para ver se consegue se adaptar ao dispositivo sem traumas é possível fazer um teste através de um software disponível na Internet que possui a mesma aparência e funcionalidade do equipamento disponível nos EUA. O original, por enquanto, só pode ser comprado, no Brasil, através da Amazon. Uma versão mais moderna ainda do dispositivo vem pipocando no mercado yankee a modesta quantia de $ 700: a novidade fica por conta da tela de cristal líquido e a possibilidade do uso de cores no display. Existem também os livros eletrônicos pagos, que podem ser lidos de formas semelhantes. O leitor localiza sua escolha pela Internet, pede uma cópia e lê um número limitado de páginas (no computador ou Rocket e-Book). Se gostar confirma a compra e recebe uma senha para download, após o pagamento da obra. "Riding The Bullet", de Stephen King, foi o primeiro livro eletrônico de que se tem notícia. Trata-se de um folhetim cujos capítulos são baixados mensalmente. Quem gostar do que leu, paga, quem não gostar, não paga. Logo de cara a "invenção" vendeu 500 mil cópias. O autor se gabava orgulhoso de que caso mais de 70% dos leitores não pagasse, a obra pararia de ser produzida. A parte engraçada é que a possibilidade remota virou fato e, até agora, Stephen King não se pronunciou sobre o assunto. Made in Brasil
Prata:"O livroé meu"No Brasil, o escritor Mário Prata, autor de O Diário de um Magro e 100 Crônicas, entre outros, tem um site (no Terra) onde os internautas podem vê-lo escrevendo linha por linha, de seu e-book, "Os Anjos de Badaró", em tempo real, e de graça. O escritor esclarece no site: "O livro é meu. Não é um Você Decide". Observado de forma indireta, pela tela do computador, o autor escreve um capítulo por dia, até o dia 5 de novembro, data em que o site sai do ar. A brincadeira rendeu até a criação de um outro site por apaixonados por literatura que acompanham todos os capítulos de Os Anjos... e quando o Prata acaba de escrever se reúnem para debater, num espaço do site chamado "palpite". São os "Anjos do Prata": pessoas com idades variadas mas uma paixão em comum: o escritor mineiro. A experiência cibernética não impediu Prata de causar polêmica ao defender sua opinião sobre o futuro do livro e anunciar outra morte: "o livro eletrônico acabou. Não deu certo. Fez parte de uma experiência que não vingou. Quem você conhece que lê esse tipo de livro? Foi uma coisa de momento. Um experimento de quando a Internet era jovem". Prata explica que a rede é rica em outras coisas, até mesmo na literatura, mas não em se tratando dos e-books. Mas mesmo assim afirma Ter sido uma experiência fenomenal: "quero fazer um livro contando a experiência de ter escrito Os Anjos... e publicar junto as 35 crônicas que venceram o concurso do site". Prata diverte-se com a diferença de idade entre os escolhidos: "tem uma senhora de 65 anos e um menino de 16". O melhor de tudo isso foi ser um estímulo para o pessoal: "as pessoas puderam ver que eu sou gente. Gente igual a elas. Que vou ao banheiro. Reclamavam que eu escrevia sério coisas engraçadas. É que eu acho amadorismo rir e chorar quando escreve". A diferença é que antes ele não precisava de maquiagem e iluminação para escrever. "Podia ser desleixado. Não precisava fazer a barba", diverte-se. Até o final do ano o livro deve ser lançado em papel e, ao contrário do que se imagina, Prata acha que a Internet vai fazer aumentar as vendas da experiência em papel: "quase 300 mil pessoas passaram pelo site durante a história, mas pouca gente acompanhou tudo", diz. Ele mesmo não tem paciência de ler coisas na Internet. Defende que a literatura exige um certo ócio: repouso físico, satisfação física. "Eles tem um saco de Prata", brinca. E-books prêmiados No último dia 21 de outubro, a Feira de Frankfurt entregou, pela primeira vez, o Prêmio Internacional do Livro Eletrônico, avaliado em US$ 100 mil. A idéia da premiação é destacar autores, agentes literários e editoras que incentivem este novo meio editorial. Os vencedores do "e-book award" foram dois autores americanos: E.M. Schorb e David Maraniss, por seus livros Paradise Square e When Pride Still Mattered. Schorb ganhou na categoria Literatura, enquanto Maraniss, co-editor do Washington Post, foi reconhecido pela obra que ficou por cinco semanas na lista dos best-sellers no New York Times. "Longe do livro de papel a complexidade será deixada de lado"
As vantagens dos livros eletrônicos são muitas. São mais baratos e não representam prejuízo para o editor: não se corre o risco de encalhes e não se tem de pagar distribuidores.
Raul: "O livro de papel nunca vai sumir"O meio que os envolve, a rede, também oferece a possibilidade de encontrar livros raros e fora de catálogo ou ainda descobrir um livro só pelo nome (sem o autor e a editora). Representa um ponto de encontro de editores. Ajuda a comercializar direitos e traduções. Aumenta a velocidade de circulação da informação, apresentando-se como uma forma prática e barata de distribuir o conhecimento. Dá retorno mais rápido. Possui maior alcance: pode chegar aonde não existem livrarias. Democratiza a informação: em um mês 50 mil pessoas visitam pessoalmente as instalações da Biblioteca de Nova York. Pela Internet este número chega a um milhão. Além de privilegiar um conteúdo mais atual e substituir a celulose, muito cara atualmente.

As desvantagens são óbvias também. Bill Gates, por exemplo, prefere imprimir tudo que tenha mais de 4 páginas para ler depois. Talvez porque ler na "tela" cansa. Porque fica mais difícil lembrar do que leu. Ou porque é mais complicado se concentrar desta forma. Para o escritor de histórias infantis, Ziraldo, o livro tem que ter cheiro de tinta. Ele afirmou em debate na Academia Brasileira de Letras, sobre o futuro do livro, no dia 29 de agosto, que fez muitos de seus livros pensando em seu formato. Eduardo Portella, presidente da Fundação Biblioteca Nacional e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), apoiou: "longe do livro de papel a complexidade será deixada de lado".

Não se sabe ao certo o número de livros eletrônicos disponíveis no Brasil. Para o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL) essa estatística é irrelevante. "Não há volume suficiente para captar estes dados no Brasil", afirma Raul Wassermann. O que o brasileiro gosta de ler Para apimentar a discussão aparecem as estatísticas das vendas de livros de papel exibindo queda de quase 30% de 1998 para 1999, segundo pesquisa da CBL sobre a indústria editorial brasileira. O número de títulos e exemplares produzidos caiu devido a crises econômicas, à disparidade entre o dólar e o real (fato que congestionou as gráficas nacionais, uma vez que não era mais vantagem imprimir no exterior) e à falta de criatividade para venda. O faturamento também caiu, por causa dos preços mais acessíveis dos livros. A CBL utiliza para pesquisa a divisão do mercado em subsetores: científicos, técnicos e profissionais (o único a aumentar o número de exemplares produzidos), didáticos (apesar de metade do faturamento do setor repousar na venda destes livros, também houve queda em 1999), religiosos (também demonstrando queda nas vendas e na produção), e obras gerais (mais atingidas por causa da queda das vendas para o Programa Nacional de Biblioteca Escolar e dos custos com papel e formato do livro). Em um caminho inverso vêem subindo a ladeira os livros de auto-ajuda e os infantis. Apesar dos primeiros não existirem para o presidente da CBL, pois "trata-se de um conjunto de categorias inventadas pelos americanos, que nós juntamos no mesmo saco e chamamos de auto ajuda", é notável o crescimento de vendas desse tipo de ajuda aos "perdidos".Menos polêmicos os livros infantis existem, sim, e são responsáveis por 14% da produção literária brasileira , considerada uma das mais criativas do mundo: engajada, envolvente e divertida.Os dados da pesquisa deste ano só estarão disponíveis no início do ano que vem, mas não há pretensão de aumento considerável nas vendas: "se recuperarmos os 30% perdidos já está bom", lamenta o presidente. O que impede a desanimação total é o aumento da população, o investimento do governo em educação através do programa do livro didático e o incentivo da utilização de livros não didáticos nas escolas. Mulheres lêem maisAs preferências do leitor ainda são um mistério: sabe-se vagamente que as mulheres, as pessoas com faixa etária entre 20 e 40 anos e com renda entre 3 e 10 salários mínimos lêem mais. O Brasil amarga o número de dois livros lidos ao ano, por habitante, desde os 10 anos de idade. Mas esta é uma média não muito confiável, pois inclui os livros didáticos e os livros de leitura obrigatória para a escola. Se desprezarmos esses dois e considerarmos só os livros escolhidos pelo próprio leitor (sem ameaça de forca) teremos o ridículo resultado de menos de um livro por ano. Uns dizem que é porque os pais não lêem, portanto não repassam esse hábito a seus filhos, outros defendem que as pessoas deste final de milênio preferem atitudes mais passivas, que não dêem tanto trabalho ao intelecto. Para jogar um pouco de luz neste cenário obscuro está sendo realizada, até o final de dezembro, a primeira grande pesquisa sobre o hábito de consumo de livros no território nacional. A pesquisa levará em conta leitura, aquisição e posse dos livros de papel. Trata-se de um questionário longo distribuído para "leitores" e "não leitores". O resultado será divulgado no começo do ano que vem. Apesar do ministério da cultura ter se recusado a financiar o projeto, como o de Portugal, alegando ser de interesse comercial, a pesquisa está sendo financiada pela CBL e pela Associação Brasileira de Celulose e Papel (Brascelpa). "O que deve nos preocupar é o pensamento único "O fato é que lê-se pouco. O livro, de pano, pedra, papel, ou digital, é só um instrumento. É inútil desperdiçar forças lutando contra o desenvolvimento de novas tecnologias, quando a prioridade deveria ser tornar o livro mais acessível e atraente. Carlos Heitor Cony apoia esse desenvolvimento. Em debate na Academia Brasileira de Letras lembrou que as tábuas em que Moisés gravou os 10 mandamentos não formavam um livro como conhecemos hoje e que o livro de Isaías, guardado no Palácio do Livro em Jerusalém, também não é um livro, mas sim um rolo. "São formas de manter e acumular os textos que o homem criou". Cony acredita ainda que no futuro pode haver um único livro capaz de ler todos os livros. Francisco Delich, dirigente da Biblioteca Nacional e da Universidade Latino-americana de Ciências Sociais, em debate da ABL, pontuou com sabedoria a discussão: "o que deveria preocupar é o pensamento único, esse, sim, é o grande inimigo do livro, ao pôr fim a todos os debates". João Ubaldo Ribeiro, com o seu Miséria e Grandeza do Amor de Benedita, que levou para casa o troféu de "inédito na terra de Cabral" , declarou em entrevista ao Estado de S. Paulo, em 29 de agosto, que não crê na imortalidade do livro de papel encadernado: "e se acabar, ou eu escrevo no meio, ou não escrevo". A grande maioria defende mesmo a coexistência entre "assassino" e "assassinado", sem o crime chegar as vias de fato. "Os dois formatos vão conviver", defendeu Portella, em entrevista ao Estado de São Paulo, no dia 29 de agosto. Joelmir Beting explica: "micros e livros não são excludentes ou alternativos. Ele são complementares ou aditivos". E o presidente da CBL concorda: "será mais um canal. Vai ajudar. Tem mercado para todos". Principalmente quando se trata de estilo. Segundo o presidente da Associação Alemã de Editoras e Livrarias, Roland Ulmer (durante lançamento da Feira de Frankfurt, na Alemanha, no dia 17 de outubro) certos estilos se adequam ao papel outros à mídia eletrônica: "quando chega-se à ficção, compradores e leitores continuarão a ler nossas novelas e contos em versões impressas". Enterrado ou não, as experiências mais modernas sempre resultam em algo que imite o livro: os dispositivos de armazenamento de e-books (com tamanho de um livreto de 250 páginas), os protótipos de tela flexível (experiência do Media Lab do Massachusetts Institute of Technology - MIT - que permite a leitura como se fosse papel, apenas simulando virar a página). Parece que o velho livro de papel vai nos assombrar ainda por umas boas décadas. Sérgio Rizzo, jornalista colaborador da revistas SET e do site Submarino, entre outros, argumenta: "Enquanto houver gerações que forem alfabetizadas por meio de impressos (livros, jornais, revistas), eles (os produtos impressos) não têm a menor chance de desaparecer. Daqui a 100 anos, não sei. Mas daqui a 100 anos já não estaremos mais por aqui".


Fonte aqui:

quinta-feira, outubro 25, 2007


Em busca do livro perdido

Apenas mais uma manhã na companhia do Sr. Birnbichler, o bibliotecário. Pelo menos, esse era o pensamento de Lisa, uma adolescente apaixonada por literatura que se dirigia para a biblioteca. Mas, esse dia normal estava para mudar. Dois garotos estranhos roubaram, aparentemente sem motivos, o livro que o Sr. Birnbichler estava escrevendo e que tinha a própria garota como personagem principal. Agora Lisa sairá em busca do livro roubado do bibliotecário e terá a grande missão de salvar todos os personagens da imaginação do esquecimento e levá-los para o Reino da Invenção acompanhada por seus novos amigos Tow Sawyer e Huckleberry Finn.
O Livro de Lisa - Uma aventura no mundo da literatura de Wieland Freund com ilustrações de Regina Kehn, é uma viagem no mundo da fantasia. Um portal que suga o leitor para dentro do mundo literário, passando através de diversos clássicos da literatura universal moderna e encontrando personagens famosos, como Robinson Crusoé, Frankenstein, Capitão Ahab de Moby Dick , Sancho Pança e Dom Quixote, O velho choupo de O Senhor dos Anéis, entre outros que irão ajudá-la ou atrapalhá-la em suas aventuras.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Be happy


Here's a little song I wrote,

you might want to sing it note for note,

dont worry,Be happy,

In every life we have some troubles,

but when you worry you make it double,

dont worry,be happy (don't worry be happy now)

ohhh ooh ooh ohh(don't worry)

oooh oohh oohh(be happy)

ohhh oohh oohh(dont worry,be happy)

ohh oohh ooh (dont worry,be happy)

(don't worry be happy)


And at the place to lay your head,

somebody came and took your bed,

dont worry,be happy,

the landlord say your rent is late,

he may have to wait to get ,

but dont worry...be happy(look at me I'm happy)


ohhh ooh ooh ohh(don't worry)

oooh oohh oohh(be happy)

oooo0h (here I give you my phone number you you worried,

call me I make you happy)

00000oh 00o0o0oh(dont worry)

ooooh oohh (be happyy)

ooooh ohhh


Ain't got no place to lay your head,

somebody came and took your bed,don't worry....be happy.

The landlord saying your rent is late,

He may have to litigate.

but don't worry...be happy (look at me I'm happy)


ohhh ooh ooh ohh(don't worry)

oooh oohh oohh(be happy)

ohhh oohh oohh(dont worry,be happy)

ohh oohh ooh(dont worry)

ohh oohh oohh(be happy)

(don't worry be happy)


ohhh ooh ooh ohh(don't worry,dont do it)

oooh oohh oohh(be happy,

put a smile on your face)

(dont bring everybody down like this)

ohhh oohh oohh(dont worry)

ohh oohhh(it will soon pass,whatever it is)

ohhh oohhh ohhh (dont worry,be happy)

ohhh oohhh oohhh (I'm not worried)
Dont worry, be happy
Bob Marley

à primavera


quinta-feira, setembro 06, 2007

sabedoria oriental


Mizaru Kikarazu e Iwazaru
Seus nomes são 'kikazaru' (o que tapa os ouvidos), 'mizaru' (o que cobre os olhos), e 'iwazaru' (o que tapa a boca), que é traduzido como 'não ouça o mal', 'não veja o mal' e 'não fale o mal'. Sua origem é baseada em um trocadilho japonês pois, a palavra 'saru', em japonês, significa 'macaco' e tem o mesmo som da terminação verbal 'zaru'.

KIKAZARU
MIZARU
IWAZARU
SARU

O som das palavras é semelhante e faz referência a um provérbio japonês (kotowaza) que descreve a atitude de alguém que não deseja se envolver em complicações.No Japão, numa cidade chamada Nikko, existem muitos santuários (a cidade é conhecida por isso, inclusive) e, no Santuário Toshogu há imponentes portais e belas construções. Lá, estão os três macaquinhos em madeira. Eles ilustram a porta do Estábulo Sagrado, um templo do século 17.
O folclore japonês diz que, no Século VIII D.C. , um monge budista da China introduziu os três sábios macaquinhos no Japão.
Acredita-se que as poses dos macaquinhos eram a representação de um comando de uma divindade (Vajra) para 'ver nenhum mal, ouvir nenhum mal, falar nenhum mal.'
" Essas informações, porém, não podem ser confirmadas" segundo o professor Dr. Ricardo Mário Gonçalves, da cadeira de História do Oriente da USP.
Fontes: Portal das curiosidades/ Nippo Brasil

quarta-feira, setembro 05, 2007

Poesia Matemática


Às folhas tantas do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerávele viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide, corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida paralela à dela
até que se encontraram no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa.
"E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética correspondea almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação traçando ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar, mais que um lar, um perpendicular.
Convidaram para padrinhoso Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes até aquele dia em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade. Era o triângulo, tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração, a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser moralidade
como aliás em qualquer sociedade.
do livro: Trinta Anos de Mim Mesmo - Millôr Fernandes

sexta-feira, agosto 31, 2007

Candle In The Wind

Goodbye England's rose
May you ever grow in our hearts
You were the grace that placed itself
Where lives were torn apart
You called out to our country
And you whispered to those in pain
Now you belong to heaven
And the stars spell out your name
And it seems to me you lived your life
Like a candle in the wind
Never fading with the sunset
When the rain set in
And your footsteps will always fall you
Along England's greenest hills
Your candle's burned out long before
Your legend never will
Loveliness we've lost
These empty days without your smile
This torch we'll always carry
For our nation's golden child
And even though we try
The truth brings us to tears
All our words cannot express
The joy you brought us through the years
And it seems to me you lived your life
Like a candle in the wind
Never fading with the sunset
When the rain set in
And your footsteps will always fall you
Along England's greenest hills
Your candle's burned out long before
Your legend never will
Goodbye England's rose
May you ever grow in our hearts
You were the grace that placed itself
Where lives were torn apart
Goodbye England's rose
From a country lost without your soul
Who'll miss the wings of your compassion
More than you'll ever know
And it seems to me you lived your life
Like a candle in the wind
Never fading with the sunset
When the rain set in
And you footsteps will always fall you
Along England's greenest hills
Your candle's burned out long before
Your legend never will
Elton John - Candle In The Wind (Princess Diana Tribute) lyrics

As flores do Mal


É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a
única questão. Para não sentirem o fardo horrível
do Tempo que verga e inclina para a terra, é
preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a
escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio,
sobre a relva verde de um fosso, na solidão
morna do quarto, a embriaguez diminuir ou
desaparecer quando você acordar, pergunte ao
vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a
tudo que flui, a tudo que geme, a
tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que
horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o
pássaro, o relógio responderão: "É hora de
embriagar-se! Para não serem os escravos
martirizados do Tempo, embriaguem-se;
embriaguem-se sem descanso".
Com vinho, poesia ou virtude, a escolher

Embriaguem-se

(tradução Jorge Pontual)

Charles Baudelaire (1821-1867)

poeta e teórico da arte francês.

É considerado um dos precursores do Simbolismo

"Ninguém me ama/ Ninguém me quer/ Ninguem me chama de Baudelaire"
Antônio Maria

quinta-feira, agosto 30, 2007

Conto das Quatro Estações



Faz parte da série de filmes intitulada:

"Conto das Quatro Estações"
Todos dirigidos por Eric Rohmer.
Conto de Verão (1996) ,
Conto da Primavera (1990)
Conto de Inverno(1992)
Conto de Outono (1998)


quarta-feira, agosto 29, 2007

Let it be

When I find myself in times of trouble
Mother Mary comes to me
Speaking words of wisdom, let it be.

And in my hour of darkness
She is standing right in front of me
Speaking words of wisdom,
let it be. Let it be, let it be.
Whisper words of wisdom, let it be.

And when the broken hearted people
Living in the world agree,
There will be an answer, let it be.
For though they may be parted
There is still a chance that they will see
There will be an answer,
let it be. Let it be, let it be. yeah
There will be an answer, let it be.

And when the night is cloudy,
There is still a light that shines on me,
Shine on until tomorrow, let it be.
I wake up to the sound of music
Mother Mary comes to me
Speaking words of wisdom,
let it be. Let it be, let it be.
There will be an answer,
let it be. Let it be, let it be,
Whisper words of wisdom, let it be.

Let it be
Beatles

terça-feira, agosto 28, 2007

sexta-feira, agosto 24, 2007

Dia do Artista


O Guardião dos Livros

Ai estão os jardins, os templos e a justificação dos templos,
A exata música e as exatas palavras,
Os sessenta e quatro hexagramas,
Os ritos que são a única sabedoria
Que outorga o Firmamento aos homens,
O decoro daquele imperador
Cuja serenidade foi refletida pelo mundo, seu espelho,
De sorte que os campos davam seus frutos
E as torrentes respeitavam suas margens,
O unicórnio ferido que regressa para marcar o fim,
As secretas leis eternas,
O concerto do orbe;
Essas coisas ou sua memória estão nos livros
Que custodio na torre.
Os tártaros vieram do Norte
em crinados potros pequenos;
Aniquilaram os exércitos
Que o Filho do Céu mandou para castigar sua impiedade,
Ergueram pirâmides de fogo e cortaram gargantas,
Mataram o perverso e o justo,
Mataram o escravo acorrentado que vigia a porta,
Usaram e esqueceram as mulheres
E seguiram para o Sul,
Inocentes como animais de presa,
Cruéis como facas.
Na aurora dúbia
O pai de meu pai salvou os livros.
Aqui estão na torre onde jazo,
Recordando os dias que foram de outros,
Os alheios e antigos.
Em meus olhos não há dias.
As prateleiras
Estão muito altas e não as alcançam meus anos.
Léguas de pó e sonho cercam a torre.
Por que enganar-me?
A verdade é que nunca soube ler,
Mas me consolo pensando
Que o imaginado e o passado já são o mesmo
Para um homem que foi
E que contempla o que foi a cidade
E agora volta a se;. o deserto.
Que me impede sonhar que alguma vez
Decifrei a sabedoria
E desenhei com aplicada mão os símbolos?
Meu nome é Hsiang.
Sou o que custodia os livros,
Que talvez sejam os últimos,
Porque nada sabemos do Império
E do Filho do Céu.
Aí estão nas altas estantes,
A um tempo próximos e distantes;
Secretos e visíveis como os astros.
Aí estão os jardins, os templos.
Elogio da Sombra

Jorge Luís Borges
24/08/1889
14/06/1986

quinta-feira, agosto 23, 2007

a 7ª Arte de Glauber (aqui)

Poema do Amor

Tudo talvez se defina na
conspiração da poesia e
da infecção,
estou no começo da vida
mas não sei se a saúde resiste
o mundo profetiza guerra global
e corta o mistério da existência
nos projetando nos braços vitais
revolucionando o prazer, essência.
Glauber Rocha

terça-feira, agosto 21, 2007

L.I.V.R.O. segundo MILLÔR

Millôr Fernandes: Um novo e revolucionário conceito de tecnologia de informação



Na deixa da virada do milênio, anuncia-se um revolucionário conceito de tecnologia de informação, chamado de Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas - L.I.V.R.O.
L.I.V.R.O. representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada nem ligado. É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abri-lo!
Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e capazes de conter milhares de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantêm automaticamente em sua seqüência correta.
Através do uso intensivo do recurso TPA - Tecnologia do Papel Opaco - permite-se que os fabricantes usem as duas faces da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os seus custos pela metade!
Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. É que, para se fazer L.I.V.R.O.s com mais informações, basta se usar mais páginas. Isso, porém, os torna mais grossos e mais difíceis de serem transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema.
Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, em seu cérebro. Lembramos que quanto maior e mais complexa a informação a ser transmitida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário.
Outra vantagem do sistema é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo à próxima página. O L.I.V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento, bastando abri-lo. Ele nunca apresenta "ERRO GERAL DE PROTEÇÃO", nem precisa ser reinicializado, embora se torne inutilizável caso caia no mar, por exemplo.
O comando "browse" permite fazer o acesso a qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder com muita facilidade. A maioria dos modelos à venda já vem com o equipamento "índice" instalado, o qual indica a localização exata de grupos de dados selecionados.
Um acessório opcional, o marca-páginas, permite que você faça um acesso ao L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na última utilização mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou marca de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração.
Além disso, qualquer L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso seu usuário deseje manter selecionados vários trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com o número de páginas.
Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O. através de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S. Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro. Milhares de programadores desse sistema já disponibilizaram vários títulos e upgrades utilizando a plataforma L.I.V.R.O.
Fonte: Amigos do livro

Do baú do Raul

Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez
Beba (Beba)
Pois a água viva ainda tá na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não, não, não
Tente
Levante a sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça aguenta se você parar
Não, não, não, não, não, não
Há uma voz que canta, há uma voz que dança
Há uma voz que gira
Bailando no ar
Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo
Vai, tente outra vez
Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez

Raul Seixas

28/06/1944

21/08/1979


sexta-feira, agosto 17, 2007

No meio do caminho

"Este é tempo de divisas, tempo de gente cortada."
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade
En Revista de Antropofagia, 1928
Incluido en Alguma poesia (1930)
31/10/1902 -17/08/1987

quinta-feira, agosto 16, 2007

O Rei do Rock

Maybe I didn't treat you
Quite as good as I should have
Maybe I didn't love you
Quite as often as I could have
Little things I should have said and done
I just never took the time
You were always on my mind
You were always on my mind
Maybe I didn't hold you
All those lonely, lonely times
And I guess I never told you
I'm so happy that you're mine
If I made you feel second best
Girl I'm so sorry I was blind
You were always on my mind
You were always on my mind
Tell me, tell me that your sweet love hasn't died
Give me, give me one more chance to keep you satisfied,
satisfied
Little things I should have said and done
I just never took the time
You were always on my mind
You were always on my mind
You were always on my mind

Elvis Presley
08/01/1935 - 17/08/1977

tempo da travessia

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já têm a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia:
e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos."
Fernando Pessoa

segunda-feira, agosto 13, 2007

sexta-feira, agosto 10, 2007

quinta-feira, agosto 09, 2007

terça-feira, agosto 07, 2007

A Sombra do Vento


“...Não obtive resposta. Pareceu-me escutar uma risada sufocada e fechei o livro de pedidos. Talvez um cliente tivesse ignorado o letreiro de FECHADO. Dispunha-me a atendê-lo quando escutei o som de vários livros caindo das estantes da loja. Engoli em seco. Agarrei uma faca de abrir cartas e me aproximei lentamente da porta do quarto dos fundos. Não me atrevi a chamar de novo. Logo depois escutei novamente os passos, afastando-se. A campainha da porta soou outra vez, e senti um sopro de ar da rua. Entrei depressa na loja. Não havia ninguém. Corri até a porta da rua e fechei com força. Respirei fundo, me sentindo ridículo e covarde. Estava voltando para o quarto dos quartos dos fundos quando vi um pedaço de papel em cima do balcão. Ao aproximar-me, comprovei que se tratava de uma fotografia, uma velha imagem de estúdio das que se costumava imprimir em uma lâmina de papelão grosso. AS bordas estavam queimadas e a imagem enegrecida, parecia riscada pelo rastro de dedos sujos de carvão. Examinei-a sob uma lâmpada. Na fotografia se podia ver um casal de jovens sorrindo para a câmera. Ele não parecia ter mais de 17 ou 18 anos, com cabelos claros e traços aristocráticos, frágeis. Ela parecia talvez um pouco mais nova do que ele, um ou dois anos no máximo. Tinha a tez pálida e um rosto cinzelado, rodeado por cabelos pretos, curtos, que acentuavam um olhar encantado, repleto de alegria. Ele a enlaçava pela cintura e ela parecia e ela parecia lhe sussurrar algo, num tom brincalhão. A imagem transmitia um ardor que me roubou um sorriso, como se eu tivesse reconhecido velhos amigos naqueles dois desconhecidos. Atrás deles se podia ver a vitrine de uma loja, repleta de chapéus fora de moda. Concentrei-me no casal. As roupas pareciam indicar que a imagem tinha pelo menos 25 ou 30 anos. Era uma imagem de luz e de esperança, prometendo coisas que só existem nos olhares dos jovens. As chamas haviam devorado quase todo o contorno da foto, mas ainda se podia adivinhar um rosto severo atrás do velho balcão, uma silhueta espectral insinuando-se por trás das letras gravadas na vidraça"
A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón
P.85
Peter Brüegel - "A Torre de Babel" de 1563
Kunsthistorisches Museum, Viena