quarta-feira, outubro 18, 2006

Kathâsaritsâgara de Somadeva

A expressão vem de uma antiga coletânea da Índia, do século XI; é a tradução do nome sânscrito que significa: "mar formado pelos rios de histórias". Coletada e organizada por ninguém menos que dois grandes mestres da cultura brasileira contemporânea :
Paulo Ronai (1907-1992) - foi tradutor, revisor, crítico, professor de francês e latim.
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1910-1989) foi um grande crítico literário, lexicógrafo, filólogo, professor, tradutor e ensaísta brasileiro.
Esta antologia é uma obra didática, recreativa, informativa e gostosa de ler, composta por 10 volumes, precedidas de ensaios por parte de seus organizadores.

..."Foi no fim do século XI que o escritor hindu Somadeva compilou vasta enciclopédia de contos, o Kathâsaritsâgara, isto é "O Oceano em que Deságuam os Rios de Histórias", cujo título inspirou o da presente antologia.
A Obra constituída de 350 histórias contidas num total de 21.388 quadras, baseia-se principalmente no Brarhkathâ (`Grande Narrativa, de Gunadhya), escritos no primeiro século de nossa era; transmite, pois, um material de ficção muito antigo, nela estão incluídas entre outras, uma versão completa do Pantchatantra e outra do Vetâlapatchavimchati (Os vinte e Cinco Contos do Vampiro)
Considerada pelos especialistas tão importante quanto as Mil e Uma Noites, essa compilação, escrita com elegância, e inspirada em conceitos exóticos de moral, mas por outro lado, em experiências comuns a toda humanidade, conserva além de histórias provenientes de toda a Ásia, e inúmeros motivos de folclore, um amplo registros de superstições, crenças e costumes curiosos.
"Somadeva pode ser considerado o mestre hindu da arte do conto" – escreve a seu respeito Charles Hyart. – "Em nenhum outro escritor se encontram tão bem reunidas as qualidades fundamentais do narrador. Sua imaginação se desenvolve numa viva cintilação de cores e luzes. Os sentimentos que pinta são alternadamente alegres e graves. A sua inesgotável fantasia, que mistura a realidade ao sonho, evoca ante nossos olhos um mundo atraente, aliciante. Cheio de sabedoria, o seu pensamento alia as especulações do seu tempo e uma concepção do mundo profundamente humana. O estilo da obra é relativamente simples. O escritor conhece os processos empregados na literatura artística, porem usa-os com uma sobriedade e um bom gosto que fazem jus ao nosso aplauso. Não queremos, porém dizer que a obra seja perfeita, seu plano, especialmente, não obstante os esforços de Somadeva, revela uma incoerência fundamental."
A história do amor que ressucita e regenera os mortos, aqui reproduzida, é um espécime característico dessa importante coletãnea, que ainda se lê com agrado."

(Ensaio que precede o conto: Eu quero o ladrão, pg. 147 do v.1.)

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