terça-feira, outubro 17, 2006

Identidade

"Em minha juventude estouvada, enquanto meus amigos sonhavam com feito heróicos nos domínios da engenharia e do direito, das finanças e da política nacional, eu sonhava em me tornar bibliotecário. A indolência e o gosto incontido pelas viagens quiseram que não fosse assim. Agora, porém, tendo atingido a idade de 56 anos (que segundo Dostoievski, em O idiota , é "a idade que se pode dizer com justiça que a verdadeira vida começa"), voltei ao meu antigo ideal, embora possa não me considerar um bibliotecário propriamente dito, vivo entre estantes que proliferam o tempo todo e cujos limites começam a se borrar ou a coincidir com os da própria casa."

Alberto Manguel
30 de janeiro de 2005

Obras na Biblioteca de Kansas City, um painel protetor e publicitário



Biblioteca de Alexandria. Um disco no meio de um lago. Absolutamente linda!

Podemos imaginar os livros que gostaríamos de ler, mesmo que ainda não tenham sido escritos, e podemos imaginar bibliotecas cheias de livros que gostaríamos de possuir, mesmo que estejam muito além do nosso alcance, porque gostamos de sonhar com uma biblioteca que reflita cada um de nossos interesses e cada uma de nossas fraquezas – uma biblioteca que, em sua variedade e complexidade, reflita integralmente o leitor que somos. Assim, não é absurdo supor que, de modo semelhante, a identidade de uma sociedade ou de uma nação possa ser espelhada por uma biblioteca , por uma reunião de títulos que, em termos práticos ou simbólicos, faça as vezes de definição coletiva.
Extraído do livro "A biblioteca a noite" pg.241
de Alberto Manguel (ensaísta, organizador de antologias, tradutor, editor e romancista)

Nenhum comentário: