quarta-feira, agosto 01, 2007

à poesia

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Soneto de fidelidade
Vinicius de Moraes (1960)

Um comentário:

Anônimo disse...

O amor já é por si só demais decantado, em prosas e versos. Desejo sim, declamar a amizade, pois ela é pura, honesta, despojada, não posto que é chama, nem infinita enquanto dure, mas uma luz perene que nem o infinito pode acabar com ela. Arde sempre em meu peito para aquecer aqueles que são meus amigos, principalmente os especiais, como voce.