terça-feira, agosto 29, 2006

Espera...


Balada da Longa Espera

(À moda antiga)

Mote:

Quem espera, desespera....
Quem espera sempre alcança...
Ah, meu amor, quem me dera
esperar tendo esperança...

Glosa:

Quem espera, desespera...
Às vezes a alma se cança,
mas meu amor que é como era,
mesmo enquanto avança
espera, e não desespera
de que volte a primavera,
e espera, tendo esperança...
-E mantém viva a confiança
ao dizer que fôste criança
e esta dor que o dilacera,
pois quando menos se espera
o que hoje é apenas lembrança
retorna ao que dantes era,

e assim, com ternura mansa
não se cansa ou desespera,
e intimamente assevera:
- quem espera sempre alcança...
........................................................
E a espera, na longa espera
não perde nunca a esperança...

J.G.de Araujo Jorge

Um comentário:

Anônimo disse...

Malu, como contribuição seguem estes versos de Ricardo Reis.

Parabéns pelo seu blog,
ele é realmente uma gracinha e tem tudo a ver com você.

grande beijo.

Renato

Uns

Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem: outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.
Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
o dia, porque és ele.