terça-feira, julho 14, 2009

Via Láctea

Estava mais angustiado
Que um goleiro na hora do gol
Quando voce entrou em mim
Como um sol num quintal
Aí um analista amigo meu
Disse que desse jeito não vou ser feliz direito
Porque o amor é uma coisa mais profunda
Que um encontro casual
Aí um analista amigo meu
Disse que desse jeito não vou viver satisfeito
Porque o amor é uma coisa mais profunda
Que uma transa sensual
Deixando a profundidade de lado
Eu quero é ficar colado à pele dela noite dia
Fazendo tudo e de novoDizendo:
Sim a paixao morando na filosofia
Eu quero gozar no seu céu
Pode ser no seu inferno
Viver a divina comédia humana
Onde nada é eterno
Ora - direis : ouvir estrelas,
Certo! Perdeste o senso
E eu vos direi no entanto
Enquanto houver espaço, corpo
Tempo e algum modo de dizer não, eu canto
Enquanto houver espaço , corpo
Tempo e algum modo de dizer não, eu canto
Enquanto houver espaço ,corpo
Tempo e algum modo de dizer não, eu canto
Divina Comédia Humana
Belchior
"Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo perdeste o senso!"
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?
"E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918)
escritor, jornalista, poeta brasileiro e membro fundador da ABL.

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