quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Não sei quantas almas tenho


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

(*) "Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu. (informação obtida no site Jornal de Poesia)

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Picture of Alice

Cheshire

- Naquela direção - disse o Gato, apontando com a pata direita - mora um Chapeleiro.
E naquela - acrescentou, levantando a outra pata - mora a Lebre de Março. Visite qualquer um dos dois: ambos são loucos.
- Mas, eu não quero me encontrar com gente louca - comentou Alice.
- Ah, você não tem como evitar isso - replicou o Gato. Todos aqui somos loucos.

Lewis Caroll

domingo, fevereiro 19, 2006

William Blake

Blake, William (b. Nov. 28, 1757, London--d. Aug. 12, 1827, London) English poet, painter, engraver; one of the earliest and greatest figures of Romanticism. The most famous of Blake's lyrical poems is Auguries of Innocence, with its memorable opening stanza:

To see a World in a Grain of Sand
And a Heaven in a Wild Flower,
Hold Infinity in the palm of your hand
And Eternity in an hour.